16 janeiro 2006

Entrevista com Nuno Mateus piloto do Lisboa Dakar



1) - O que representou para ti correres no Lisboa - Dakar ?
Foi a concretização de um sonho antigo. Comecei a pensar que poderia ser uma realidade desde da altura que fui campeão nacional no entanto já por duas vezes tinha tentado a participação que acabou por não se concretizar. Desta foi de vez e tenho a agradecer o grande trabalho que a SPEDakar efectuou.

2) - Foi difícil reunir patrocínios para conseguir assegurar a presença numa prova desta envergadura?
Essa é a parte mais difícil deste projecto. A nossa equipa tinha um orçamento de 220 mil euros, e com a actual crise económica tornou-se ainda mais difícil por de pé esta presença, mas conseguimos e os nossos patrocinadores já só falam do Dakar 20007…

3) - Quais foram, os teus principais patrocinadores?
Os nossos principais patrocinadores foram as Câmaras de Albufeira, Portimão, Olhão, Lagos, Lagoa, Silves, Iveco, Grupo Haviti, Wurth, Região de Turismo do Algarve, Cargaquatro, Sinisalo, Bridgestone e KTM.

4) - O que falhou para não conseguires chegar ao fim
Faltou sorte. A nossa presença nesta prova tinha um objectivo inequívoco, só parar em Dakar! Foi esta a nossa promessa junto dos nossos patrocinadores e foi com este lema que todas as etapas saiamos do Bivouac, só que na sétima etapa tudo nos correu mal. O Ruben estava com graves problemas mecânicos ao Km 50 e eu e o Ricardo paramos para o ajudar. Perdemos imenso tempo, tivemos que esperar pelo camião de assistência da KTM e ao Km 300 a caixa de velocidades dele partiu e ele seguiu devagar até ao final. Entretanto eu e o Ricardo seguimos só que a moto do Ricardo começou com problemas eléctricos que não conseguimos resolver o que acabou por ditar a sua desistência. E com isto tudo eram 22h horas e estávamos no meio do deserto e achei que o Ricardo não tinha condições para lá ficar sozinho.

5) -A tua equipa, fala-nos dela?
É uma pequena grande equipa. Pela primeira vez uma equipa portuguesa teve três pilotos na prova de desporto motorizado mais emblemática do mundo, e isto traz-nos um grande orgulho mas também uma grande responsabilidade. Somos três pilotos, um mecânico, um director técnico/mecânico, um director desportivo e uma empresa que trata da nossa imagem junto dos patrocinadores. Em prova tudo se altera e quando começam os problemas por resolver os pilotos viram mecânicos, enfim todas essas situações de uma equipa pequena comparando com as estruturas existente no padock do Dakar.


6) - Temos piloto ou equipa para o próximo Dakar?
Quando desistimos eu e o Ricardo pensamos que iria ser muito difícil, pois o objectivo de chegar a Dakar não tinha sido cumprido, no entanto as nossas boas classificações nas etapas até então, convém referir que tínhamos os três pilotos nas 40 primeiras posições, no início do Rally com todos os candidatos à vitória em prova foi muito motivante, e os nossos patrocinadores ficaram muito satisfeitos e começaram a perceber que só nos falta mais experiência para conseguirmos ombrear com nomes sonantes do Dakar. Refiro que na 2ª etapa o Ruben ficou na 1ªposição, eu cai e fiquei na 14ª e o Ricardo na 40ª posição.
Também fiquei muito contente com a recepção que tive na minha cidade de Albufeira pois toda a gente vibrou com a participação e só falam do próximo Dakar.
Até eu já só penso no Dakar 2007, mas ainda faltam 11 meses e alguns dias…

(José Carlos Arede)